Escrito por Cesar Mesquita,
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Chat GPT: herói ou vilão?
No mercado de trabalho, diversos setores, como saúde, educação e finanças, estão experimentando o uso da tecnologia para a redução de custos e inovação.
Muito tem se falado sobre o Chat GPT e não há dúvidas de que se trata de um marco na história da Inteligência Artificial (IA). O natural, e o que eu acredito, é que essa tecnologia se fará cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, como uma ferramenta importante de suporte, permitindo que o trabalho seja realizado de forma mais rápida e ágil. No entanto, é importante que os usuários tenham senso crítico e compreendam que não se trata de um algoritmo perfeito, já que produz sequências de palavras com base em probabilidade e, por isso, pode obter uma resposta sem sentido ou até mesmo errada.
Diante deste cenário, percebo que existem alguns pontos que podem ser aprimorados no Chat GPT. O primeiro deles é a capacidade de aprender e produzir conteúdos inéditos; o segundo é a curadoria do que é gerado, tanto para fins de ética e segurança quanto para garantir que o algoritmo produza conteúdos que façam sentido para uma variedade cada vez maior de assuntos, domínios e pessoas.
Apesar desses pontos, sabemos que o Chat GPT se trata de uma grande evolução em relação a tecnologias anteriores, principalmente pelo fato de possuir a habilidade de dar ênfase no processo de compreensão do contexto e coerência do conteúdo produzido. Outro aspecto importante do algoritmo é a sua ampla base de dados, que permite dominar os aspectos gramaticais de uma linguagem “natural”, inclusive criando uma “personalidade” artificial ao texto, produzindo uma sensação de naturalidade e, assim, uma forma de conexão com seus usuários.
No mercado de trabalho, diversos setores, como saúde, educação e finanças, estão experimentando o uso da tecnologia para a redução de custos e inovação. Isso deve ser levado como um ponto forte e positivo, mas com olhar crítico e entendendo que o algoritmo possui limitações quando se trata de domínios específicos. Por exemplo, no varejo, o Chat GPT não é capaz de entrar em detalhes no processo de pós-venda ou retenção de consumidores.
A tecnologia permite, no entanto, ser treinada com dados específicos e, assim, conversar com o consumidor em uma linguagem natural, entendendo perfeitamente o contexto e as necessidades do cliente, e até mesmo sugerindo alternativas e soluções, sem ter sido necessariamente programado estatisticamente para fazê-lo. Esse cenário mostra o quanto esta tecnologia se difere de um chatbot tradicional, que tem por objetivo apenas criar fluxos de conversão e, por isso, é limitado na capacidade de compreender contextos.
Já na educação, o Chat GPT pode ser revolucionário em diversos sentidos, se for utilizado de maneira positiva. Sob a perspectiva do estudante, a ferramenta serve como um ótimo “ajudante virtual” para compreensão de novos aprendizados e pesquisas, permitindo que o aluno desenvolva, inclusive, um pensamento crítico quanto às respostas produzidas pelo algoritmo, interagindo e aprendendo conforme o desenvolvimento do diálogo. Sob a ótica dos professores, pode auxiliar no desenvolvimento de conteúdos, automatizando a criação de aulas, formulação de questões e na análise dos materiais entregues por alunos, identificando se há algum tipo de plágio no material.
Em contrapartida, se utilizado de forma indiscriminada e sem restrições, causará danos colaterais muito grandes no processo de aprendizagem, uma vez que o Chat GPT pode facilmente realizar tarefas que deveriam fazer parte do desenvolvimento dos alunos, como responder questões e produzir redações.
De maneira geral, é possível observar que a inteligência artificial é um ganho para a sociedade, trazendo mais eficiência e agilidade para o cotidiano das pessoas. No entanto, assim como com todas as tecnologias que estão na rotina dos seres humanos, é importante utilizá-la com senso crítico, inteligência e moderação. Tenha certeza de que essa nova ferramenta não chegou para substituir as pessoas, mas, sim, para elevar a qualidade dos trabalhos realizados.
Artigo publicado originalmente no Diário do Comércio.