Escrito por Caroline Capitani e Juliana Manara,

3 minutos de leitura

Do Pix ao Drex: rumo à modernização total do sistema financeiro brasileiro

Embora promissor, o real digital enfrenta obstáculos cruciais, como a garantia da segurança cibernética contra ataques, integração com sistemas financeiros existentes, equilíbrio das questões de privacidade com a necessidade de transparência e a promoção da ampla aceitação e adoção pela população brasileira

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Uma pesquisa desenvolvida pelo Datafolha em parceria com a TecBan, divulgada em novembro de 2023, revelou que 82% dos brasileiros não conhecem o Drex, o real digital. Criado pelo Banco Central (BC), a moeda faz parte da agenda de modernização do sistema financeiro do país. O projeto faz parte da transformação digital das finanças — assim como ocorreu com o Pix —, facilitando as transações, a fim de torná-las mais ágeis, ao mesmo tempo em que diminui os custos e promove a inclusão e o conhecimento entre os brasileiros. O Drex é o que chamamos de “dinheiro programável”, ou seja, as operações que acontecem atualmente vão poder ser programadas com a nova iniciativa.

Nesse sentido, um dos potenciais da nova moeda está na capacidade de diferentes sistemas e companhias trabalharem em conjunto e na acessibilidade relacionada às transações em outras moedas e países. No entanto, esse é um fator que pode demandar mais tempo para sua implementação, devido às exigências regulatórias — por isso o projeto está sendo testado e regulamentado pelo próprio órgão regulador — e à necessidade de interoperabilidade entre as tecnologias que viabilizam o projeto. Além disso, junto à inovação, o Drex também oferecerá uma segurança reforçada — que será proporcionada pela tecnologia selecionada para a iniciativa, o blockchain — e a possibilidade de integração com recursos modernos, como aplicativos de pagamento e carteiras digitais. Os débitos internacionais, por exemplo, ganharão agilidade, proporcionando maior transparência nas operações e incentivando a criação de novos serviços financeiros adaptados ao consumidor digital.

Embora promissor, o real digital enfrenta obstáculos cruciais, como a garantia da segurança cibernética contra ataques, integração com sistemas financeiros existentes, equilíbrio das questões de privacidade com a necessidade de transparência e a promoção da ampla aceitação e adoção pela população brasileira — esse último, inclusive, é o principal desafio para que o Drex, de fato, alcance parcelas hoje não atendidas e, assim, contribua para importantes transformações sociais.

A ideia é que haja uma maior acessibilidade financeira, permitindo que todos os cidadãos tenham a oportunidade de participar ativamente do sistema financeiro — até aqueles que não possuem contas bancárias tradicionais. Tudo isso possibilitará uma inclusão financeira sem precedentes, permitindo que mais pessoas aproveitem os benefícios da economia digital. Por isso, a regulação adequada e a educação em geral, inclusive de responsabilidade das empresas dentro do seu papel de responsabilidade social corporativa pública, também serão vitais para o sucesso do projeto.

Do ponto de vista dos negócios, a iniciativa permitirá o recebimento de forma instantânea, tanto para quem transmite a propriedade quanto para quem recebe — logo após a conclusão de uma transação —, gerando impacto no fluxo de caixa, no custo e giro de capital e também na necessidade de assumir riscos financeiros que as empresas praticam atualmente. Esse conjunto de ações permitirá que varejistas e outros B2Cs diminuam a fricção, a redução no valor de estocagem e ofereçam mais um meio de pagamento, além de velocidade e segurança nas grandes transações.

Indiretamente, para as empresas, o conhecimento prático de uma nova tecnologia como a Distributed Ledger Technology (DLT) e tokenização podem ajudar a avançar em projetos de inovação, bem como gerar mais interesse para outras aplicações. Além disso, a capacidade de realizar transações instantâneas pode ser integrada a dispositivos da Internet das Coisas (IoT).  No futuro, podemos imaginar algo como contratos inteligentes que executam automaticamente quando certas condições são atendidas. Isso pode revolucionar setores como imóveis, em que a aquisição de propriedades poderão ser automatizadas e as transações, concluídas instantaneamente.

Diante deste cenário, para se adaptarem ao Drex, as companhias devem investir em educação e treinamento sobre moedas digitais, além de modernizar os sistemas para suportar transações online, formar parcerias estratégicas, garantir conformidade regulatória e priorizar a segurança cibernética. É essencial explorar a criação de novos produtos, manter-se informado sobre tendências em finanças e cultivar uma mentalidade de inovação contínua, ajustando-se com base no feedback dos stakeholders.

Ao se posicionar proativamente, poderemos aproveitar as oportunidades oferecidas pelo Drex e manter uma vantagem competitiva no mercado.

Este artigo foi publicado originalmente na Época Negócios.
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