Escrito por Eduardo Viva,

7 minutos de leitura

Jobs to be done: A visão de um UX Jr. do processo à implementação

Afinal, aplicar jobs no seu primeiro projeto de pesquisa é tão difícil assim?

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Jobs to be done (JTBD), em tradução literal, “Trabalhos a fazer”, é um método que pode ser encarado como um framework para pensar e representar visualmente as necessidades dos usuários e a real intenção por trás dos trabalhos (ações ou decisões) do usuário pesquisado.

Quando falamos de métodos aplicados dentro de UX, como este, você deve se lembrar de muitas fontes falando sobre o assunto: as teorias perfeitas que você estudou, o passo a passo que os influenciadores compartilham ou as experiências do seu colega de trabalho.

No entanto, é importante você ter em mente que estes cenários perfeitos não existem e, por mais que pareça tão decepcionante quanto contraditório, esta é uma boa notícia. A área de UX é um campo aberto para inovações, com conceitos e “leis” muito bem difundidos. Apesar disso, mesmo existindo regras bem estabelecidas, nosso maior foco de trabalho são as pessoas, o que, por sua vez, faz com que cada projeto voltado para UX tenha peculiaridades específicas de acordo com seu contexto e público.

Como UX Designer, tive a oportunidade de aplicar Jobs to be done no meu primeiro projeto de pesquisa. Consistindo de um trabalho em dupla, eu, como designer jr., atuei ao lado de uma experiente colega researcher, contando também com o apoio da nossa líder.

No meio de um cronograma apertado, entrevistas com usuários e grandes seções de análise de insights, aplicar o método pela primeira vez me gerava incertezas, pois eu havia visto muito pouco sobre o assunto como estudante.

No tempo que tinha, consegui ler e estudar bastante sobre o método enquanto consumia entregas de colegas em outros projetos que haviam utilizado Jobs. Obviamente, a boa e velha síndrome do impostor vinha dar as caras, me fazendo questionar se conseguiria alcançar resultados tão satisfatórios quanto estes.

Nós então decidimos parar uma manhã inteira para entender os dois Jobs que haviam no projeto. Como resultado de uma boa seção de brainstorming, onde analisamos os resultados das entrevistas enquanto debatíamos sobre os nossos entendimentos, conseguimos sair com um job pronto e outro pendente, que me gerou confiança suficiente para posteriormente ficar como responsável para finalizar. Ainda que incerto se havia utilizado o método da “forma correta”, apresentei para colegas que já haviam aplicado e me surpreendi quando obtive respostas positivas.

Sem entender como cheguei em um bom resultado no meu primeiro projeto, conversei com meu líder e saí com lições que vão guiar toda minha trajetória no mundo do UX:

+++ Just do it!

Nenhum resultado vai sair se você ficar parado e a melhor maneira de aprender é fazendo. O double diamond não precisa ser aplicado só no ciclo de um produto, use seu conceito como base nos seus processos: estude sobre o assunto, entenda o que precisa fazer, faça e teste, aprenda com isso e repita até dar certo.

+++ Contexto > Método

Voltando no assunto das peculiaridades de projetos, nenhum método consegue ser 100% executado em todos os cenários, o contexto do seu projeto tem um peso muito maior. A forma como você faz não tem tanto impacto quanto uma entrega que ajude o cliente a entender o usuário.

+++ Peça ajuda

Você nunca está sozinho! Poético? Sim. Mentira? Não. A comunidade de UX é muito unida e adora ajudar. Se você trabalha em uma empresa, terá mais pessoas ainda dispostas a te dar uma mão (comprovamos isso com a quantidade de colegas que nos auxiliaram no projeto). Faça perguntas, converse com pessoas, troque ideias, utilize as pessoas à sua volta, e não tenha medo ou vergonha disso.

 

Como aplicar Jobs no seu projeto?

Antes de saber como, vamos começar entendendo mais a fundo qual o propósito de utilizar Jobs to be done no seu projeto.

Segundo a NN/g, o método é extremamente comparável com o uso de Personas e outros métodos de análise de tarefas, com a diferença de que enquanto estes métodos focam em entender o como o produto pode resolver da melhor maneira as tarefas que o usuário já realiza, JTBD move o foco da análise a enxergar o objetivo por trás destas tarefas, habilitando o produto a entregar o resultado esperado pelo usuário, a partir de tarefas não enviesadas pelo modelo existente.

No caso do nosso projeto, precisávamos descobrir como o usuário entendia o produto do nosso cliente e o que significava para ele, assim, foi acertado que JTBD seria uma entrega essencial do projeto desde o início. Ao fim das análises, definimos 2 jobs para o projeto, respondendo:

1 — Como o usuário decide começar a guardar dinheiro?

2 — Porque o usuário escolhe determinado produto para este fim?

 

Comparativo entre partes da nossa entrega para dois clientes ilegra.

 

A entrega de um Job geralmente envolve, sempre em primeira pessoa:

+++ Uma frase como título, que será a conclusão, um resumo da intenção do usuário.

Como implementamos em dois projetos da ilegra.

 

+++ Uma sequência de frases formando passos para demonstrar a jornada do usuário que te fez chegar à conclusão.

Como implementamos em dois projetos da ilegra.

 

+++ Frases reais capturadas nas entrevistas que comprovam o job.

Como implementamos em dois projetos da ilegra.

 

Com tudo isso apresentado, deu para notar que a nossa aplicação dos jobs foi apresentada de forma bem diferente nos dois projetos, mas o resultado alcançado foi o mesmo: um material completo, que levou a uma apresentação bem estruturada em que pudemos responder todas as dúvidas dos clientes.

Sugerimos como próximo passo para o cliente em questão a realização de um workshop de cocriação para desenvolver e testar novos conceitos e abordagens para aprimorar o produto pesquisado nesse projeto. Fase esta, em que o material entregue será de extrema importância, servindo como base para as seções de ideação.

Respondendo à pergunta do subtítulo: afinal não é tão difícil aplicar Jobs to be done ou qualquer outro método em seu projeto. Sabendo onde pesquisar e quem procurar para pedir ajuda, não tendo medo de começar e confiando no seu papel como UX Designer você com certeza conseguirá entregar um trabalho incrível.

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