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A usabilidade é um dos pilares fundamentais que compõem a experiência do usuário quando se fala no desenvolvimento de produtos digitais. Apesar de ter perdido um pouco seu holofote perante a constante expansão da disciplina de UX como um todo, ainda é extremamente importante para a garantia de um produto usável, fluido e agradável. Então investir um tempo testando sua interface para usabilidade não é algo negociável no jogo de aquisição do cliente.
O foco desse artigo é para aqueles que já sabem montar um roteiro de testes e precisam evoluir seus métodos para a cultura data-driven. Antes de entrarmos na prática, vamos recapitular o conceito de usabilidade pois isso tem relação direta com as métricas a seguir.
“Usabilidade refere-se à qualidade da experiência de um usuário ao interagir com produtos ou sistemas, incluindo sites, software, dispositivos ou aplicativos. Usabilidade é composta por três pilares:eficácia, que tem relação com assertividade do sistema; eficiência, que se refere ao desempenho e performance; satisfação que é a sensação do usuário ao usar a sua interface.” Usability Gov.
Dito isso, veja a seguir as principais métricas para você utilizar nos seus próximos testes de usabilidade, seja de protótipos ou sistemas em produção.
Quanto tempo leva para realizar uma TED bancária no mobile?
usuário Arnaldo: 190s
usuária Bruna: 120s
usuária Carmila: 150s
Fórmula da Taxa de Tempo da Tarefa, por Amanda Nunes
Agora, o que eu faço com esse dado? Será que 2:55s é um bom tempo? É rápido? É lento? A resposta é: depende de com o que você está comparando. Por exemplo, se na versão atual do aplicativo mobile o tempo para realizar uma TED bancária é de 5min, então quer dizer que o seu fluxo foi otimizado e isso resultou na nova média de tempo. Agora, talvez você queira comparar com um concorrente para avaliar. Tudo depende da sua estratégia.
Para realizar uma TED bancária no mobile, quantos usuários conseguiram concluir a tarefa?
usuário Arnaldo: Concluiu com um erro.
usuária Bruna: Concluiu sem erro.
usuária Carmila: não conseguiu concluir a tarefa.
Fórmula da Taxa de Sucesso da Tarefa, por Amanda Nunes
Simples e direta, agora você tem a média de sucesso para concluir essa tarefa. Humm.. mas 66% é uma boa média? Quando se fala em eficácia, quanto mais próximo do 100% melhor será a usabilidade, cabe a você avaliar com o PO/PM se vale a pena reavaliar esse processo, se isso afetará o negócio e o usuário positivamente. Agora note como foi documentado o resultado dos testes. Eu poderia muito bem apenas dizer que Arnaldo e Bruna concluíram o teste com sucesso, sem mencionar que Arnaldo teve um erro no caminho. Ele pode ter digitado um CPF inválido, talvez digitado a agência num formato incorreto, enfim, qualificar o tipo de erro ajuda a tomar as decisões sobre as melhorias na interface e cabe a você avaliar se o erro cometido foi muito grave, se vale a pena focar e descobrir se existe uma recorrência desse erro com outros usuários.
6 usuários concluíram a tarefa de realizar uma TED bancária no mobile. A tarefa envolve 5 possíveis erros. Qual a taxa de erro dessa tarefa?
usuário Arnaldo: cometeu 3 erros
usuária Bruna: cometeu 1 erro
usuária Carmila: cometeu 2 erros
usuário Diogo: não cometeu erro
usuário Fernando: cometeu 1 erro
usuário Gustavo: cometeu 2 erros
Fórmula Taxa de Erro do Usuário, por Amanda Nunes
Perceba como a métrica de sucesso e de erro caminham juntas, normalmente são as duas métricas que estão sempre no radar dos testes de usabilidade. É claro que a taxa de erro é sempre onde vamos prestar mais atenção pois, dependendo do cenário, talvez você precise ir mais fundo para identificar qual daqueles erros acontece com mais frequência e direcionar sua estratégia para solucioná-lo. Um exemplo poderia ser que 5 em cada 10 usuários inserem a data errada ao realizar uma TED. Isso equivale a uma taxa de recorrência de erro de 50%, pode ser um alerta de que talvez o input não esteja claro o suficiente na questão do formato da data ou o modo de seleção poderia ser diferente, enfim. A taxa de recorrência é apenas mais um dado para você ter em mãos na hora de direcionar sua estratégia.
Questionário Pós Teste ASQ, por Jim Lewis (1995), adaptado por Amanda Nunes
Composta por um questionário curto de três perguntas objetivas em uma escala de “discordo totalmente” a “concordo totalmente”. Costuma ter 7 pontos mas você também pode utilizar uma escala de cinco ou quatro pontos, apesar de uma escala par de quatro pontos não ser recomendada por não conter o ponto intermediário para neutralidade, forçando o usuário a sair do muro, depende da sua estratégia. É bom colocar as opções negativas sempre a esquerda, assim você evita a tendência do clique à esquerda pela leitura ocidental. Existe uma variação da ASQ onde você simplifica para uma única pergunta, a SEQ (single easy question), também muito utilizada nos testes de usabilidade. Teste e veja qual funciona melhor pra você!
Uma Pergunta Pós Teste SEQ, por Jim Lewis (1995), adaptado por Amanda Nunes
Questionário SUS, por John Brook (1986), adaptado por Amanda Nunes
PS: Nunca troque a ordem das perguntas pois tem relação direta com a fórmula.
O cálculo para chegar nessa pontuação fica mais fácil se configurado numa planilha. Para as perguntas ímpares (a,c,e,g,i) você pega o resultado e subtrai o valor 1 de cada uma; para as perguntas pares (b,d,f,h,j) você subtrai o valor 5 de cada uma. Ao final é só somar os resultados, já com as suas subtrações, multiplicar por 2.5 e assim você terá a sua pontuação média do SUS para avaliar a usabilidade do sistema. Estudos indicam que uma pontuação acima de 68 pontos configura uma boa usabilidade.
Fórmula SUS para aplicar no Excel, por Amanda Nunes
Agora você já sabe como mensurar o sucesso dos seus testes e levar o seu trabalho de usabilidade para o próximo nível. Afinal, cada vez mais somos questionados quanto aos ganhos de investimento em design nos projetos. Então, é essencial compartilhar os resultados dos testes com o time e lideranças para construir uma cultura de testes, fomentar a cultura da experiência do usuário e consolidar o pensamento data-driven. Por fim, não se desespere. Você não precisa aplicar todas estas métricas de uma vez só, pode começar escolhendo um dos pilares da usabilidade (eficiência, eficácia e satisfação) para mensurar e assim começar a ter uma visão mais analítica dos testes. Depois vai agregando as outras, no seu tempo. O importante é dar o primeiro passo e começar. O futuro dos dados já chegou com o pé na porta e chegou pra ficar.
E aí?! Você já conhecia essas métricas de usabilidade? O texto foi útil pra você? Compartilha comigo sua opinião, adoraria saber o que você achou :]