Escrito por Marcello Perez,

7 minutos de leitura

Transformação digital não é mais um diferencial, é uma questão de sobrevivência

Adoção de práticas ágeis, com entendimento das dores dos seus clientes e planejamento de uma arquitetura robusta para possibilitar a adoção de tecnologias inovadoras, é prioridade no contexto atual.

Compartilhe este post:

Dizer que vivemos num mundo altamente complexo e cercado de incertezas seria redundante hoje em dia, principalmente após a pandemia de Covid-19 ter mostrado que qualquer tipo de planejamento de longo prazo dificilmente se sustenta. Ao focarmos no mercado de TI, vimos esse impacto forte no status quo da forma como as empresas se planejavam e organizavam, obrigando-as a se adaptar a um contexto cultural e organizacional que muitas delas não estavam habituadas. Indo mais fundo nesse contexto, vemos um cenário ainda mais latente: segundo uma matéria de 2020 da Forbes, 66% dos profissionais de TI disseram que a pandemia expôs a fraqueza das estratégias digitais das empresas em que atuam, demandando uma urgência em iniciativas digitais que originalmente eram parte de programas de longos anos de transformação digital.

Esses impactos foram sentidos em todos os níveis do mercado, seja em startups ou empresas já consolidadas. Segundo o que apontou o estudo da Appdynamics, as prioridades de tecnologia mudaram em 95% das empresas que responderam a pesquisa, e 88% dos profissionais da área disseram que a experiência do cliente final agora é uma prioridade. Isso fez com que uma forte pressão caísse sobre as equipes de tecnologia e produto. Nas empresas onde a cultura client-oriented e DevOps é madura, esse impacto tomou uma proporção menor pois normalmente existe um alto nível de sinergia interna dos times (Produto e tecnologia) fazendo que a adaptação a novos contextos seja acelerado.

Entretanto, aquelas empresas que operavam sistemas legados e não tinham uma cultura madura nessas competências sentiram mais essa pressão, o que pode ser visto pelas iniciativas internas de modernização. É o que aponta a BusinessWire: em 2020, 74% das organizações começaram projetos de modernização dos seus produtos falharam completamente nisso. As razões são diversas para apontar as motivos da falha, destacando-se: 1) cultura de projetização; 2) arquitetura do sistema defasada com diversos débitos técnicos que não ajudam o produto a escalar; 3) alta dependência de processos engessados; 4) longos ciclos de feedback do cliente; ou até mesmo, 5) o medo de colocar em risco a estabilidade das suas aplicações principais, é o que indicou o já referido estudo da Forbes sobre o assunto.

One way or another, it’s inevitable that traditional organizations will need to modernize. – Sharar Fogel, CIO na Rookout para Forbes

No contexto atual, modernizar um sistema legado ou realizar a transformação digital na sua empresa não são mais opções, mas sim questão de sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo e digitalizado. Adoção de práticas ágeis, com entendimento das dores dos seus clientes e planejamento de uma arquitetura robusta para possibilitar a adoção de tecnologias inovadoras, é prioridade nesse contexto. Ainda segundo a BusinessWire, as empresas que conseguirem modernizar os aspectos principais dos seus sistemas core podem ter uma economia de custos em TI de aproximadamente US $31 milhões. Porém, pode parecer complexo e desafiador fazer isso, principalmente se compararmos com as principais referências de mercado, como Netflix, Google, Amazon, etc.

Para facilitar a ponte entre as práticas e métodos dessas empresas de vanguarda, existem diversas metodologias de mercado conhecidas como Kanban, Scrum, XP, Dual track Agile, e etc. Porém, independentemente da metodologia a ser utilizada, é necessário um direcionamento claro dessas iniciativas, um pensamento da gestão voltada para a aplicação tática dos objetivos estratégicos da empresa. É essa estratégia, tendo o envolvimento de toda a cadeia da gestão, que vai impulsionar as iniciativas digitais. Para construir essa visão mais clara dos objetivos, é preciso olhar essas iniciativas sobre 3 fundamentais óticas: fundação de tecnologia, Discovery de produto e eficiência de Delivery.

Para olharmos para fundação de tecnologia, temos que falar sobre a cultura de DevOps. Em empresas com um alto nível de cultura de DevOps, vemos uma similaridade: os times trabalham internamente para oferecer um conjunto de melhorias tecnológicas e de infraestrutura, com o objetivo de tornar o processo de desenvolvimento de software eficiente, seguro e com um alto padrão de qualidade. É o que aponta o estudo da Puppet sobre DevOps, realizado em 2021, em que a plataforma consegue capacitar os desenvolvedores em acessos de autenticação, orquestração de container, autenticação service-to-service, observability e tracing. Além disso, esses times internos, conhecidos como times de plataforma, conseguem ter mais profundidade no entendimento de requisitos não funcionais e, dessa maneira, viabilizam novas tecnologias que podem tornar o produto mais competitivo e inovador frente ao mercado e os seus usuários.

Já quando olhamos para a experiência do consumidor, devemos conhecer quais são os seus objetivos e dores no dia a dia, o que eles almejam conseguir utilizando o produto. Para que isso no fim gere resultados esperados, ter isso claro dentro das equipes é a chave para entregar soluções que de fato vão gerar impacto e entregar valor. Trabalhar com times de produto que invistam seu tempo e skills para se aprofundar no problema dos usuários é vital, pois ajuda a reduzir os principais riscos de produto, como de viabilidade técnica, de entrega de valor, uso e de negócio. No fim, esta etapa garante que a solução que está sendo construída é de fato algo que vai solucionar a dor do usuário alvo. O resultado de um bom investimento na experiência do usuário pode trazer impactos em diversas esferas do negócio, segundo a pesquisa da Forrest, como a diminuição dos custos de aquisição, suporte, aumento de retenção e marketing share.

Good product teams know we can always create more value for our customers and in turn create more value for our business. – Teresa Torres

Por fim, se somarmos os esforços de tecnologia através de uma plataforma robusta, com DevOps dando suporte com provendo soluções usando o modelo self-service, aliados a um Discovery focado em entender as dores dos usuários e validar as melhores alternativas que tragam impacto, podemos direcionar os esforços do desenvolvimento para atingir um pipeline contínuo de entrega de software.

O objetivo de atingir uma alta eficiência de entrega é poder proporcionar um ciclo curto de entrega de valor, onde o produto consiga se adaptar às necessidades dos usuários ou de mercado rapidamente, sendo orientados por dados e feedback de uso.

Achieving CD requires engineering discipline and collaboration to facilitate the complete automation of the delivery pipeline from code commit to production – Bill Holz, VP Analyst, Gartner

Compartilhe este post: