Escrito por Caroline Capitani,
3 minutos de leitura
Real Digital nos negócios: empresas devem se preparar para uso, recomenda especialista
Diante de tantas transformações e do avanço da tecnologia, o brasileiro pode enfrentar dificuldades para se habituar ao uso das novas soluções. Por isso, a ilegra decidiu criar a Trilogia do Real Digital, um material educativo e prático para empresas.
A área financeira tem sido uma das principais impulsionadoras da área digital. A entrada de fintechs e o uso de tecnologias têm mobilizado a indústria a se modernizar e buscar soluções para os consumidores. É o que diz Caroline Capitani, VP de design digital e inovação da ilegra, empresa de design e software. Diante do mantra “é importante trabalharmos pautas que vão promover uma transformação”, a ilegra desenvolveu uma trilogia educativa do Real Digital.
A iniciativa busca ajudar as empresas a darem um passo à frente na preparação para a chegada do Drex, a moeda virtual do Banco Central do Brasil.
Real digital: qual o impacto
O sucesso da nova tecnologia do BC estará associado aos casos de uso, que afetarão as cadeias desses produtos ou serviços, segundo Caroline.
Com a disseminação do real digital, a compra e venda de veículos e imóveis pode ser facilitada, por exemplo. É uma operação atrelada a um contrato, algo que pressupõe segurança.
O PIX, lançado ao final de 2020, foi um sucesso imediato. Em questão de meses, o meio de pagamento se popularizou e passou a ser adotado em diversos estabelecimentos, para serviços variados.
O Drex, no entanto, deve ter uma trajetória mais lenta. Caroline acredita que não será uma revolução tão rápida, apesar de acreditar no seu impacto.
“A disseminação do real digital deve ser mais paulatina, não tanto cross-border que nem o PIX, que foi a solução para muitos setores e serviços. As empresas precisarão ser perspicazes para buscar como a tecnologia poderá ser uma solução aos seus negócios, para trazer ganhos reais”, diz.
Atualmente cerca de 110 países estão trabalhando na própria moeda digital. Contudo, cada um tem uma realidade diferente, portanto os processos são variados.
“No Canadá, por exemplo, planejam uma sociedade cashless (sem moeda física). No Brasil, um país grande e com características socioeconômicas e culturais diferentes, incluindo o acesso à informação, isso ainda não é possível”, aponta Capitani.
Apesar disso, a especialista diz que o sistema financeiro brasileiro é avançado, se comparado a alguns países com mercados desenvolvidos, como os Estados Unidos. O país desenvolveu seu próprio PIX, o FedNow, recentemente.
Até então, os norte-americanos tinham um sistema que não permitia transferências aos finais de semana. Além disso, os recursos poderiam levar horas ou dias para ficarem disponíveis.
Educação financeira para liberdade de escolha
Diante de tantas transformações e do avanço da tecnologia, o brasileiro pode enfrentar dificuldades para se habituar ao uso das novas soluções.
Para isso, decidiu criar um material educativo e prático para empresas. “Entendemos que essas mudanças demandam um letramento, por isso a trilogia. Não é fácil para a população se atualizar dessas mudanças, incluindo questões teóricas e técnicas”, explica Caroline.
No momento, Caroline enxerga que o Real Digital será mais voltado ao “atacado”, para instituições, mas avalia que lá na frente terá um impacto na ponta, “por isso a importância desse período de educação”.
“Com mudanças muito céleres, os executivos têm reconhecido cada vez mais a importância da pauta – até porque as empresas não querem ficar para trás. Há uma aceleração na educação daqueles envolvidos com o piloto, mas o assunto precisa ganhar maior relevância”, conta.
“O mais rico dessas transformações é a liberdade de escolha que proporciona às pessoas. Há uma responsabilidade social e corporativa relevante nessa questão do Real digital, das companhias trazerem vantagens e colocarem o usuário no centro, visando entregar valor”, avalia Caroline.
Esta entrevista foi publicada originalmente no Portal Eu Quero Investir.