Escrito por Débora Costa,

7 minutos de leitura

Liderança: o que aprendi no meu desenvolvimento como líder

Liderar é desafiar-se em vários sentidos, aprender, desenvolver empatia e se tornar exemplo. Ao longo do processo, surge uma forma própria de ser líder.

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No início de 2019, recebi um desafio que já buscava em minha carreira há algum tempo, e que naquele momento de vida, de oportunidades e de escolhas, o desafio se encaixou perfeitamente. Já estava na ilegra há quase dois anos e já me sentia inserida na cultura da empresa e com um bom domínio técnico das minhas atividades.

Naquele momento, os colegas já me viam como uma referência dentro do time e com frequência me acionavam para tirar dúvidas e ou pedir orientações. Já havia escutado diversas vezes que uma liderança, quando vem de dentro da empresa, costuma ser melhor aceita. Confirmei o que muitos textos diziam, no momento em que fui muito bem aceita pelos colegas quando oficializaram a minha nova função, como líder de equipe de design.

Foi um ano bastante intenso. Precisei me desafiar em vários sentidos: aprender a delegar, conduzir reuniões de feedback, desenvolver a empatia e, acima de tudo, ser um exemplo para os meus liderados. Ao longo desse período, fui experimentando diferentes maneiras de fazer as coisas e compreendendo que por trás de cada pessoa e de cada situação há particularidades e que por isso, não existe um modo único ao qual deveria me adequar.

Venho, então, compartilhar um pouco do que aprendi. Espero que ajudem quem estiver entrando nessa nova jornada.

 

Sua empresa terá um papel importantíssimo na sua trajetória

Tive a sorte de assumir o papel em uma empresa como a ilegra, em que o cuidado dado à formação de lideranças é uma prioridade. No meu caso, foram três meses intensos, em que passei por um processo de assessment e por uma série de treinamentos junto ao time de RH. Ficou claro desde o início o desafio: deixar de gerir a mim e gerenciar os outro. De certa forma, mudar valores e comportamentos que detinha. Ter o apoio da ilegra foi fundamental: fez eu me sentir preparada e motivada.

 

Autoconhecimento é fundamental

Sempre fui muito reflexiva sobre mim e, durante o meu assessment, consegui me enxergar ainda mais. Quais são meus pontos fortes? Quais são os meus pontos fracos? Em que eu preciso me desenvolver? O que me limita? São algumas respostas que eu precisei buscar.

Identifiquei as minhas maiores dificuldades e trabalhei obsessivamente frente a elas. Isso foi fundamental para o meu desenvolvimento. Tive um olhar ainda mais atento para as minhas fortalezas. Ao potencializá-las, teria nelas o meu diferencial e a minha própria forma de liderar.

 

Estude, estude e estude

Precisei estar preparada para novos aprendizados, ou seja, precisei me manter humilde e admitir que não sabia tudo. Além do aprendizado na prática, foi fundamental ler, buscar referências, participar de eventos e treinamentos diversos que pudessem aumentar o meu repertório em assuntos relacionados a gente e gestão.

 


Me vi, muitas vezes, precisando ser o escudo da equipe em situações difíceis, quando foi preciso manter a calma e ter bom senso. Nesses momentos, me vi saindo das atividades meramente operacionais para atuar com gestão.

 

Entenda o mercado para saber gerir

Neste ano, mais do que nunca, descobri que é preciso ter uma visão do mercado para liderar. Nunca havia sido tão exigido de mim observar e escutar o que estava acontecendo ao meu redor.

Precisei estar atenta a novas oportunidades, atenta a novos mercados. Buscar por novas oportunidades que pudessem surgir para os clientes, para a empresa. Pesquisar e entender novas ofertas que pudéssemos criar na nossa área, de Digital Design e Inovação, em busca do crescimento da nossa equipe.

Foi esperado de mim que eu tivesse uma visão estratégica para agir perante aos cenários que estavam por vir, além disso, se fez necessário aprender a fazer a interface com o cliente, negociando e mediando interesses. Me vi, muitas vezes, precisando ser o escudo da equipe em situações difíceis, quando foi preciso manter a calma e ter bom senso. Nesses momentos, me vi saindo das atividades meramente operacionais para atuar com gestão.

 

Busque mentoria

Um dos exercícios que pratiquei durante os meus três meses de acompanhamento com o RH foi a busca por apoio, conselhos e recomendações de outros profissionais. Buscar referências que eu pudesse conversar e observar como faziam. Levo comigo essa boa prática até hoje, por me permitir aprender mais rápido e de maneira menos dolorosa.

Aquilo entrou no meu modus operandi. No momento em que me deparava com desafios, conversava com outras lideranças, dentro e fora da ilegra, a fim de identificar se alguém já havia passado por situação semelhante. Lembre-se de ter iniciativa para criar e sustentar relacionamentos de apoio mútuo.

 


“Aprendi, por exemplo, que, mesmo que não me perguntassem, eu deveria me apresentar em profundidade.”

 

Crie conexão e construa elos

Lembro que, quando comecei as minhas primeiras reuniões de one on one, utilizava de uma dinâmica para conhecer o meu liderado um modelo básico de perguntas. Em alguns casos, foi mais difícil construir conexões. Cada um tem seu tempo e melhor abordagem. Em comum, estava a relevância de se conhecer pessoalmente e imergir em momentos de vulnerabilidade mútua, como forma de adquirir confiança, consequentemente, uma boa conexão.

Aprendi, por exemplo, que, mesmo que não me perguntassem, eu deveria me apresentar em profundidade. Dizer quem eu sou, falar da minha trajetória e da minha vida. Observei que isso fez com que eu criasse um vínculo muito relevante. Hoje, sempre que alguém tem um problema ou dificuldade, procuro expor as minhas fraquezas e como eu fiz para superar. Meus liderados só se abriram comigo quando começaram a confirmar e acreditar em mim. Criar essa base de confiança mútua foi fundamental para dar e receber feedbacks honestos e sinceros.

Todo mundo é bom em alguma coisa. Ressaltar os pontos que você enxerga de positivo é muito importante para quem está sendo acompanhado. As pessoas precisam saber se estão no caminho certo, se estão acertando, mesmo que elas saibam que estão. Reafirmar as coisas é fundamental. Isso ajuda as pessoas a crescerem e se tornarem melhores. Saiba dar feedbacks positivos, mas mais do que isso, saiba dar feedbacks negativos também, para que elas tenham a chance de melhorar.

Não é fácil mediar conversas difíceis, mas, como líder, enfrento esse desafio constantemente. Elogiar e enaltecer é sempre mais fácil do trazer os aspectos que precisam ser melhorados e aperfeiçoados. No meu entendimento, skills comportamentais são as mais difíceis de lidar, quando os comportamentos destoam da cultura da empresa. Por isso, é importante deixar claro em que pontos ela errou e por quê. Ajude elas a buscarem as respostas e acertarem nas escolhas, oriente.

 


“Como forma de identificar desafios para diferentes perfis, passei a analisar mais a fundo as competências de cada liderado. A partir disso, pude garantir o matching ideal entre um desafio relevante para determinada pessoa e os objetivos da área e da organização.”

 

Mantenha sua equipe motivada, conheça as habilidades do seu time e a particularidade de cada um

Todos somos movidos por desafios. Um exemplo básico, mas ilustrativo, são os jogos. Não pode ser muito difícil, nem muito fácil. Os desafios se manifestam gradualmente (e, muitas vezes, vão aumentando). Na vida profissional, é exatamente a mesma coisa. Como líder, passei a enxergar a existência do desafio, factível de ser resolvido por determinado liderado, e garantir a autonomia para a resolução, um dos grandes motivadores para a execução. Além disso, uma alavanca chave para o desenvolvimento dos liderados.

Como forma de identificar para cada um, passei a analisar mais a fundo as competências de cada liderado. A partir disso, pude garantir o matching ideal entre um desafio relevante para determinada pessoa e os objetivos da área e da organização.

Cheguei a ter experiência de escolher erroneamente onde coloquei um profissional. Ele se sentiu subutilizado, e isso gerou frustração e desconforto. A atividade certa para a pessoa certa é a combinação perfeita. Nem subutilizado nem superestimado, manter o equilíbrio é o meu desafio.

Quanto mais você conhece sua equipe, mais sabe engajá-los. Quando se trabalha com consultoria, o grande desafio é saber jogar com os seus jogadores. Enxergar o momento de cada um e ter uma visão holística entre os projetos que você tem, os projetos que estão entrando versos os projetos que estão finalizando e as pessoas que estão desocupando. Esse desafio é diário e esse equilíbrio dos pratos é fundamental.

Além disso, lembrar das pessoas que te pediram por oportunidades de crescimento, por novos desafios de carreira. Acredito que essa estabilidade seja uma das mais desafiadoras que já enfrentei.

 

Tenha propósito

Em 2019, e mais intensamente em 2020, li diversos artigos que falam sobre cada vez mais as pessoas buscarem por empresas com propósito. Sinto, da mesma forma, que as pessoas buscam líderes com propósito e alinhadas com o propósito da companhia. O meu liderado exige que eu esteja representando a ele da melhor maneira. Novamente, trata-se da importância de servir de exemplo: agir e pensar da maneira correta, alinhar a minha comunicação às minhas atitudes.

O propósito e todos os objetivos por trás do mesmo, ficaram mais fáceis de serem impregnados e transmitidos no momento em que passamos a aplicar o modelo de OKRs, alinhando-se individualmente e entre as áreas ao propósito e ambição da companhia. Estamos em fase de adoção, mas já enxergo resultados frente ao movimento.

 

Espero que esses tópicos elencados ajudem você que está no início da trajetória com pessoas a se tornar um líder eficaz. Busco constantemente me atualizar para ressignificar minha forma de liderar para hoje ser melhor do que fui ontem aos meus liderados. Entendo que essa é a essência de quem quer fazer a diferença na trajetória das pessoas. Se gostou do texto e quiser conversar, estou aberta para discutirmos e trocarmos experiências. Vamos juntos! 🙂

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